Michele de Medeiros Rocha
Discutindo Farmácia e Inovação
domingo, 20 de março de 2016
Apenas estudo clínico é inovação?
Muito me incomoda a propagação de que não ter estudos clínicos no Brasil é uma barreira à inovação no Brasil. Outra afirmação é que as universidades "só fazem pesquisa básica e não aplicada". Jargões tomados como verdades.Primeiramente, ter estudos clínicos no País ajuda regulatória e estrategicamente uma substância inovadora ser incorporada/ importada ao Brasil mais rapidamente. Mas daí o Brasil estar avançando em inovação é algo completamente diferente. E estamos muito distantes disto. Basta ver quais empresas brasileiras fazem estudos clínicos de moléculas Made in Brasil. (Convido o leitor a me listar abaixo no campo de comentários).A palavra inovação é usada indiscriminadamente por todos; se é um pouco diferente, é inovador. O Manual de Oslo abriu este precedente. Inovação em produto, serviço, processo, educação (...).Não desmerecendo os demais tipos mas, se houvesse uma escala de inovação, sem dúvida elegeria as inovações que culminassem em um produto ou serviço realmente inovador, com o real sentido da palavra. Algo que quebrasse um paradigma, mudasse um hábito, melhorasse a qualidade de vida em relação à uma condição anterior. Independente de ser incremental ou disruptiva ( não quero nem entrar neste mérito).E quando vejo um relatório do Pintec dizendo que estamos inovando, me questiono: quem está míope? O questionário ou os respondentes? Comprar um equipamento novo (apenas) para sua empresa significa que está inovando? No máximo está comprando a inovação de outrem para, quiçá, fazer algo inovador... Se for capaz.E somos. Mas até quando seremos um País de imitadores? Nos falta educação? Nos falta auto-estima? Creio que falta ambos.Na parte da educação, como estão os avanços e atividades em prol da saúde? Concordo em gênero, número e grau que na maioria das vezes a quantidade de artigos é mais importante que qualidade e relevância para a sociedade (é o sistema, infelizmente); e talvez daí ter surgido o rótulo que não temos inovação porque só fazemos pesquisa básica. Mas justamente não evoluímos em inovação em saúde porque NÃO fazemos pesquisa básica.
Para desenvolver um medicamento, é importantíssimo entender a fisiologia da doença a nível celular. É preciso desenvolver modelos químicos que preencham estes gaps. É preciso desenvolver a melhor forma farmacêutica para atingir o alvo. É preciso saber como pesquisar esta substância em organismos vivos. É preciso............ Como estamos nisso, Universidades? Estamos conversando entre pesquisadores, pesquisas e instituições para aumentar e unir forças em prol da sociedade ou estamos mergulhados no ego? Na pesquisa que fiz, há potencial para mudança. Que utilizemos o melhor lado do brasileiro (criativo, resiliente, perseverante) para sair da inércia, ousar mais e dar o primeiro passo para a mudança.Amém.
segunda-feira, 26 de outubro de 2015
Por que algo tão básico ainda é um problema?
Compartilho aqui no meu blog este artigo que escrevi para a revista Progress in Mind.
O mundo era mais simples na antiguidade, quando plantas e
substâncias de origem animal eram usados para fins curativos e quando os
alquimistas viviam em busca do elixir da vida eterna. Em contrapartida,
morria-se em torno dos 40 anos quando, atualmente, olhando somente o Brasil, a
expectativa de vida é de 74 anos.
Um dos fatores atribuídos à maior longevidade é o avanço
de opções terapêuticas que antes sequer existiam.
Mas o desenvolvimento de um novo medicamento é tão trabalhoso
e custoso que não é a toa que o número de drogas inovadoras que chegam ao
mercado mundial vem diminuindo. O número tem decrescido ao longo do tempo: de
1995 a 1999, uma média de 40 novas moléculas foram lançadas por ano. De 2000
até 2007, foram apenas 27. Considerando que a inovação em medicamentos
é incipiente no Brasil, estes números traduzem uma realidade mundial onde, por
exemplo, existem parcerias do setor produtivo com a universidade, algo ainda pouco
explorado por aqui.
Munidos do conhecimento de uma doença, cientistas começam
a procurar, após anos de pesquisa e testes, por uma droga que possa agir na
doença estudada. A busca deste composto pode ser na natureza ou através da
criação de uma molécula química completamente nova, utilizando sofisticados
modelos computacionais para prever que tipo que estrutura molecular pode
funcionar. Muitas vezes é utilizada uma técnica de tecnologia computacional
chamada “triagem de alta capacidade”.
Com ela, pesquisadores testam milhares de compostos contra um receptor-alvo
para identificar algum que possa ser promissor o suficiente para seguir para
estudos posteriores.
Estima-se que, após começarem com aproximadamente 5 – 10
mil compostos, cientistas podem chegar a apenas cinco moléculas candidatas a prosseguirem
com estudos pré-clínicos e clínicos. Ainda assim, todas podem vir a falhar em
alguma fase dos estudos. Não é raro que, após anos de pesquisa, uma molécula
não chegue a completar os estudos clínicos fase 3, já na reta final.
Da mesma forma, equipes de desenvolvimento químico precisam
garantir a síntese da molécula ativa vencedora, o fármaco. Outra equipe de
pesquisa farmacotécnica precisa combinar os excipientes certos na melhor forma
farmacêutica capaz de tornar o fármaco disponível na concentração certa na
corrente sanguínea. E será esta formulação a ser utilizada nos estudos clínicos
e, posteriormente, na produção em larga escala.
Este é o dia-a-dia de empresas que fazem pesquisa e
desenvolvimento de medicamentos. O resumo foi breve, mas fornece uma pequena ideia
do universo de detalhes envolvidos quando um medicamento novo chega ao mercado,
principalmente no que tange ao processo produtivo e na qualidade das
matérias-primas.
Estes fatores são tão importantes que qualquer inconformidade
na produção ou mesmo na qualidade do princípio ativo ou dos excipientes pode
afetar a biodisponibilidade da droga. E são estes pontos que vamos ver a seguir
com maior detalhe.
Quando falamos em conformidade durante a produção, é imprescindível
falar sobre Boas Práticas de Fabricação (BPF).
O conceito de BPF surgiu
decorrente de graves problemas com medicamentos no mercado.
Em 1937, houve 107 mortes por intoxicação em massa com um elixir de
Sulfanilamida nos Estados Unidos. A Glicerina que estava em falta no mercado
foi substituída pelo Etilenoglicol sem que tenham sido realizados os testes de segurança e toxicidade
necessários.
Em 1967 houve a intoxicação de
crianças que sofriam de epilepsia e utilizavam cápsulas de 100 mg de Fenantoína
em um hospital na Austrália. O fabricante havia substituído o diluente Sulfato de Cálcio por Lactose também
devido a falta no mercado. Autópsias das vítimas revelaram que os níveis
sangüíneos do fármaco haviam subido para mais de 45 mcg por mililitro na
formulação modificada.
Em 1958, um
hospital pediátrico nos EUA identificou o aumento de mamas e outras mudanças
relacionadas com hormônios em crianças entre 5 e 10 anos tratadas com um
produto vitamínico. A investigação demonstrou que as cápsulas estavam
contaminadas com estrógeno devido a limpeza deficiente do equipamento usado na
fabricação (produtos estrogênicos e vitamínicos fabricados alternados no mesmo
equipamento).
Assim, em 1963
os EUA foram os primeiros a publicar uma norma que estabelecia requisitos
especiais para a fabricação de
medicamentos.
Em 1975 a Organização Mundial de Saúde (OMS)
publicou o seu guia, que foi adotado como
referência legal pelos países do MERCOSUL.
Até 1995, Brasil,
Argentina, Paraguai e Uruguai deveriam ter adotado a última versão preparada
pelo 32º Comitê de Peritos, aceita pela Assembléia Mundial da OMS.
Mas apenas com a
criação da Anvisa em 1999 impulsionou-se a publicação sobre BPF no Brasil
através da RDC 134 em 2001, revogada pela RDC 210 em 2003 até ser substituída
pela atual RDC 17, vigente desde 2010. As empresas que não cumprirem as normas
de Boas Práticas presentes nas diretrizes da RDC, além de perderem seu
certificado em BPF, podem sofrer penalidades legais (multas), suspensão temporária
de suas atividades, retirada de produtos da Autorização de funcionamento, ou
até mesmo interdição de suas atividades. Entretanto, dependendo da natureza do
problema, as perdas em saúde podem ser imensuráveis.
Infelizmente não é raro vermos
em noticiários que estes problemas ainda persistem nos dias de hoje.
Logo, “as BPF de medicamentos é
a parte da garantia da qualidade que assegura que os produtos sejam fabricados
em conformidade e controlados em relação aos padrões de qualidade solicitados pelo
registro sanitário do produto”.
Da mesma forma, os princípios
ativos e excipientes usados na formulação podem influenciar, e muito, na qualidade
dos medicamentos.
Diversos fatores relacionados a
matérias primas podem afetar a qualidade final de um medicamento. No presente
momento daremos ênfase ao polimorfismo. Atualmente, o polimorfismo em fármacos é,
sem dúvida, uma das linhas de pesquisa mais contempladas da área de ciências
farmacêuticas, devido à relevância não apenas econômica, mas, principalmente,
farmacológica e toxicológica.
Empresas que precisam adotar um
preço mais baixo para seus produtos, seja por políticas públicas, seja por
políticas de preço específicas à categoria do medicamento a qual pertence, seja
para manterem-se competitivas no mercado, precisam estar atentas na procedência
das matérias-primas (fármaco/substância ativa e excipientes) que adquirem no
dia-a-dia.
Devemos nos
atentar que estamos falando de substâncias químicas que são sintetizadas, ou
seja, produzidas quimicamente. Diferentes rotas de síntese podem levar a um
mesmo composto. Entretanto, durante esta produção, além da substância-alvo há,
no meio reacional, “sobras” dos componentes de partida, além de outros
subprodutos de reação. Remover a substância de interesse com elevado grau de
pureza exige, portanto, processos de purificação que são diretamente
proporcionais ao custo.
Geralmente o processo
de purificação mais utilizado é um processo chamado cristalização. O problema é
que muitos compostos orgânicos são capazes de adotar uma ou mais formas
cristalinas, dependendo das condições (temperatura, solvente, tempo) sob as
quais a cristalização é induzida.
Logo, a
propriedade pela qual uma única substância pode existir em mais de uma forma ou
estrutura cristalina é chamada de polimorfismo.
Vale ressaltar que o polimorfismo pode ter um impacto direto sobre diversas
características do fármaco, excipientes e, consequentemente do medicamento,
podendo ser observados resultados inesperados, os quais podem comprometer a
eficácia do medicamento.
Dois polimorfos de um mesmo composto podem ser tão
diferentes em estrutura cristalina e propriedades quanto dois compostos
distintos. O exemplo mais clássico e extremo que conhecemos de poliformismo é o
do grafite e do diamante: estes dois
minerais são compostos de C (carbono elementar) mas, em virtude da organização
cristalina de cada um, apresentam propriedades químicas e físicas totalmente
diferentes.
Estruturas
polimórficas de um fármaco normalmente apresentam diferenças significativas de
processabilidade, solubilidade, estabilidade física e química. Estas diferenças
físico-químicas podem modificar o comportamento da molécula quando em um meio
biológico, alterando sua biodisponibilidade e, consequentemente, sua eficácia. Os
excipientes também podem apresentar transformações polimórficas, sendo um fator
não menos preocupante para a indústria farmacêutica.
Tendo em vista a
importância do fenômeno do polimorfismo para a qualidade dos medicamentos, os
órgãos reguladores têm acelerado a adoção de novas normas sobre o tema no setor
farmacêutico, de modo a minimizar os riscos à população, exigindo, para o registro de medicamentos, estudos que
comprovem o monitoramento e o controle de qualidade das formas cristalinas
existentes.
O guia mais
completo atualmente disponível foi publicado pela agência regulatória
americana, FDA (U.S. Food and Drugs
Administration), em julho de 2007. Nesse guia, a FDA aborda os principais
aspectos do fenômeno sobre a qualidade dos medicamentos e destaca a
responsabilidade da empresa no controle da forma cristalina caso a biodisponibilidade
possa ser afetada.
A ANVISA também
possui regulamentação em que o tema polimorfismo é abordado. Neste caso, é
solicitado para o registro de medicamentos informações sobre os prováveis
polimorfos. A questão é que estas informações também são
solicitadas apenas durante o momento do
registro e para a substância ativa. Até mesmo em uma alteração pós-registro,
testes específicos somente são previstos para a substância ativa.
A
preocupação com a qualidade dos medicamentos liberados para a população é tão
real, que a Anvisa lançou, em 14 de Setembro de 2014, o Programa Nacional de
Verificação da Qualidade de Medicamentos (Proveme) que visa analisar
mensalmente amostras de medicamentos do mercado. Inicialmente o Proveme vai
analisar amostras dos medicamentos do “Aqui Tem Farmácia Popular” e do “Farmácia
Popular”.
Portanto, se após
o registro a empresa modificar o fornecedor de matérias-primas no dia-a-dia sem
realizar os testes prévios que são necessários, um produto pode vir a ser
liberado por uma empresa com qualidade insatisfatória, o que muitas vezes é
identificado por consumidores mais atentos através de reclamações, gerando
publicações de recolhimentos no Diário Oficial da União e no próprio site da
Anvisa.
Mecanismos de controle e punição posteriores poderiam
ser evitados considerando que a prevenção pelas próprias empresas seria bem
mais fácil. E se ainda vemos notícias de problemas de qualidade nos jornais,
devemos concordar com Henry Ford (1963-1947) através de sua célebre frase que
diz: “qualidade significa fazer certo
quando ninguém está olhando”.
Referências
- Pita, João Rui. História da
Farmácia. Coimbra:
Minerva, 1998.
- Commission E. Antitrust: preliminary report of sector
inquiry into pharmaceuticals – frequently asked questions. MEMO/08/746,
28 November 2008,
p.1-5. 2008
- ROCHA, M. Michele et al. Innovation as a Critical
Success Factor: an Exploratory Study about the Partnership among University
with Pharmaceutical Industry in Brazil. Journal
of technology management & innovation, v. 7, n. 3, p. 148-160, 2012
-
(PHRMA), P. R.
A. M. O. A. Drug Discovery and Development: Understanding the R&D Process. Washington, DC.
Fevereiro 2007
-
Escola Nacional de Saúde
Pública. Histórico das Boas Práticas
de Fabricação. Disponível: http://www.boaspraticasfarmaceuticas.com.br/.../Histórico%20BPF.aula%20módulo%20III.ENSP.ppt-. Acesso em: 20/05/2015.
-
Resolução Anvisa RDC Nº 17, de 16 de Abril de
2010. Dispõe sobre as Boas Práticas de
Fabricação de Medicamentos.
- S. Vippagunta,
H. G. Brittain, D. J. W. Grant, Crystalline solids, Advanced Drug Delivery Reviews, (48), 3-26, 2000.
- W. A. Ritschel,
G. L. Kearns, Handbook of basic pharmacokinetics: including clinical
applications, 5 edição, Washington: American Pharmaceutical Association, 1999.
- R. Hilfiker,
Polymorphism: in the Pharmaceutical Industry, WILEY-VCH Verlag GmbH & Co,
Weinheim, 433 p, 2006.
- Raw AS. et al. Regulatory
considerations of pharmaceutical solid polymorphism in Abbreviated New Drug
Applications (ANDAs). Adv Drug
Deliv Rev. 2004 Feb 23;56(3):397-414.
-
Resolução Anvisa RDC Nº 60, de 10 de Outubro de 2014.
- Dispõe sobre os critérios para a concessão renovação do registro de
medicamentos com princípios ativos sintéticos e semissintéticos, classificados
como novos, genéricos e similares, e dá outras providências.
- Resolução Anvisa
RDC Nº
48, de 6 de outubro de 2009. Dispõe sobre realização de alteração, inclusão,
suspensão, reativação, e cancelamento pós-registro de medicamentos e dá outras
providências.
- Site Anvisa.
Disponível: http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/anvisa+portal/anvisa/sala+de+imprensa/menu+-+noticias+anos/2014+noticias/ministro+da+saude+e+diretores+da+anvisa+lancam+programas+de+monitoramento. Acesso em
25/05/2015
- Site Anvisa.
Disponível: http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/Anvisa+Portal/Anvisa/Pos+-+Comercializacao+-+Pos+-+Uso/Fiscalizacao/Produtos+e+Empresas+Irregulares/Medicamentos. Acesso em
25/05/2015
domingo, 16 de agosto de 2015
Avançando...devagar e sempre...
Há quanto tempo não posto! Mas prometo voltar a fazê-lo com frequência.
E não é que recentes notícias vem ao encontro de postagens passadas?
A logística reversa ainda é uma discussão, mas a ABNT ruma em frente com isso...testes em animais têm grandes avanços...finalmente! Aliás, a novidade é que justamente alguns testes em animais não serão mais necessários!
Vejam abaixo notícias que estão sendo vinculadas no mundo farmacêutico:
E não é que recentes notícias vem ao encontro de postagens passadas?
A logística reversa ainda é uma discussão, mas a ABNT ruma em frente com isso...testes em animais têm grandes avanços...finalmente! Aliás, a novidade é que justamente alguns testes em animais não serão mais necessários!
Vejam abaixo notícias que estão sendo vinculadas no mundo farmacêutico:
ABNT FINALIZA NORMA PARA LOGÍSTICA REVERSA DE
MEDICAMENTOS
A Comissão
de Estudo Especial de Resíduos de Serviços de Saúde da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT/CEE–129) finalizou, na última quinta-feira, dia 30, o
texto do projeto de norma de Logística Reversa de Medicamentos Descartados pelo
Consumidor, que já está em Consulta Pública pelo prazo de 60 dias. A Interfarma
e outros representantes do setor farmacêutico têm participado das discussões
promovidas pela ABNT que realizou reuniões em que todos os envolvidos pudessem,
em nível nacional, discutir e estabelecer, por consenso, regras, diretrizes ou
características para suas atividades.
RDC 35 DE 07 DE AGOSTO DE 2015 DISPÕE SOBRE ACEITAÇÃO DE MÉTODOS ALTERNATIVOS RECONHECIDOS PELO CONCEA
· Esta Resolução dispõe sobre a aceitação pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária - Anvisa dos métodos alternativos de experimentação animal
reconhecidos no Brasil pelo Conselho Nacional de Controle de Experimentação
Animal - Concea, que objetivam a substituição, a redução ou o refinamento do
uso de animais em atividades de pesquisa, nos termos da Lei Nº 11.794, de 8 de
outubro de 2008, e sua regulamentação.
· Nas petições submetidas à
análise pela Anvisa são aceitos os métodos alternativos ao uso de animais em
atividades de pesquisa reconhecidos pelo Concea, nos termos da Resolução
Normativa Nº 17, de 03 de julho de 2014.
quarta-feira, 30 de outubro de 2013
Qual será o ônus da logística reversa na destruição de medicamentos?
"Brasileiros descartam 10,3 toneladas de remédios por ano"
Quando vemos notícias como esta sentimos dor no coração. Tem os que pensam que estes medicamentos poderiam ter sido usados por outras pessoas e outras que pensam no meio ambiente. O primeiro caso nos lembra a tradicional prática do brasileiro de medicar outrem com o que deu certo para ele algum dia na vida (bendita a legislação que passou a controlar antibióticos!); o segundo caso é o que vamos tratar...o cuidado com o meio ambiente. Que este é um problema, é fato. Só é preocupante este papo de logística reversa...quem vai pagar esta destruição? Ou quem vai separar resíduos/laboratório para que a logística seja realmente reversa?
Você sabe que pilha não deve ser jogada no lixo...você tem o cuidado de descartar corretamente cada pilha que usa?
A questão é...muitas vezes as teorias acadêmicas chocam com a prática ou vai ser mais uma lei que não vai pegar. Que algo precisa ser feito não há dúvida, mas educar/catequizar o povo (seja por punição ou premiação) ou até mesmo evitar a possibilidade de desperdício (fracionamento?) devem ser medidas igualmente coadjuvantes neste processo porque a responsabilidade tem que ser compartilhada... o bônus e o ônus também...
Vamos ler a reportagem na íntegra...
Levantamento elaborado pela Unicamp, com apoio da ABDI e Anvisa, vai subsidiar implementação de sistema nacional de descarte de medicamentos
Estimativas mostram que a população brasileira gera atualmente cerca de 10,3 mil toneladas por ano de resíduos em medicamentos por ano sem um sistema de descarte adequado. Os dados são da publicação “Logística Reversa de Medicamentos”, lançada pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e elaborado por especialistas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O levantamento foi apresentado durante o “Seminário de Boas Práticas Regulatórias”, que tem como objetivo estimular o debate sobre regulação de um sistema de descarte no setor. A diretora da ABDI, Maria Luisa Campos Machado Leal, diz que o estudo e a discussão de boas práticas regulatórias contribuem para o desenvolvimento industrial, uma vez que auxiliam na formulação de uma regulação sobre resíduos sólidos.
Essas boas práticas, diz Maria Luisa, estimulam as empresas a investirem em inovação, pois a destinação correta e a reciclagem fazem com que haja “um novo conceito na concepção de novos produtos.” Ela acredita que este processo de regulamentação precisa ser feito de forma democrática, ouvindo consumidores e a indústria.
O levantamento “Logística Reversa de Medicamentos” traz um panorama do setor em relação à geração de resíduos, além de experiências internacionais da política de coleta de medicamentos, avaliação do sistema de tratamento de resíduos e possibilidades de destinação correta no Brasil, e aponta os benefícios de um descarte adequado. O estudo mostra ainda estimativas de crescimento da geração de resíduos até 2017, tomando como base dados referentes ao ano de 2010.
Professor da Unicamp e responsável pela elaboração do estudo, Célio Hiratuca observa que hoje grande parte dos medicamentos vai para o lixo comum ou rede de esgoto (quando descartado no vaso sanitário) após o uso. Ele explica que, na medida em que o uso de medicamentos aumenta, também cresce esse descarte inadequado, o que leva possivelmente a uma maior contaminação do lençol freático, de rios e outras consequências negativas.
O estudo propõe uma modelagem de logística reversa para medicamentos. O Ministério do Meio Ambiente, por meio da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano lançou um edital de chamamento, no dia 10 de outubro, para a apresentação de proposta de Acordo Setorial visando à implementação de um sistema de descarte de resíduos de medicamentos, que deverá contar com prazo e meta de recolhimento. Os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de medicamentos deverão apresentar uma proposta de Acordo Setorial ao Ministério do Meio Ambiente em até 120 dias, contados a partir da data da publicação. Segundo o professor da Unicamp, o ideal seria retornar o medicamento para a farmácia que conduziria o produto para o descarte adequado.
Fonte Saude Web
Marcadores:
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logística reversa,
medicamentos
terça-feira, 4 de setembro de 2012
quinta-feira, 16 de agosto de 2012
A Consulta é Pública, mas não é Pública a Consulta
O sistema de Consultas Públicas (CPs) é talvez mais antigo que o conceito de democracia que conhecemos hoje. Na verdade, hoje as CPs são utilizadas como ferramentas formais para que a sociedade possa opinar neste nosso País (que chamam de democrático).
Bonito de falar, bonito na teoria, mas o que vemos muitas vezes são arbitrariedades que beiram ao autoritarismo e abuso de poder. Pois somente desta forma conseguirei entender o porquê textos prevalecem e viram resoluções quando, na verdade, sabe-se que todo um setor tem uma opinião divergente.
Hipocrisia e pseudo-democracia, demagogia...Consultas Públicas para "inglês ver" ...porque o resultado da consulta ninguém vê...
Vamos perseverar, colegas farmacêuticos! Porque brasileiro nunca desiste, não é o que dizem??
Bonito de falar, bonito na teoria, mas o que vemos muitas vezes são arbitrariedades que beiram ao autoritarismo e abuso de poder. Pois somente desta forma conseguirei entender o porquê textos prevalecem e viram resoluções quando, na verdade, sabe-se que todo um setor tem uma opinião divergente.
Hipocrisia e pseudo-democracia, demagogia...Consultas Públicas para "inglês ver" ...porque o resultado da consulta ninguém vê...
Vamos perseverar, colegas farmacêuticos! Porque brasileiro nunca desiste, não é o que dizem??
quinta-feira, 2 de agosto de 2012
Anvisa recua e permite venda de remédios em gôndolas
E qual o problema nisso??
Há dias a Anvisa decidiu que não manterá mais os medicamentos de venda livre dentro do balcão. As críticas estão pesadas, Dirceu Barbando terá que se explicar no Senado, é quase um fim do mundo...
Bem...vamos lá! Ano passado estava em uma farmácia em Maceió procurando algo para a garganta, que estava "arranhando". Achei muito interessante a farmácia: tinha uma salinha para atenção farmacêutica, e os medicamentos estavam realmente dentro do balcão. "Que legal", pensei. Mas despensei rápido. Porque me senti uma impotente para dizer o que eu queria! Nunca lembro dos nomes comerciais, reconheço meus produtos preferidos pelo visual. Gosto de tocar e ler o rótulo, saber a procedência, o laboratório, a composição...tive que me contentar, muito a contragosto, com o que o balconista achou que eu precisava e devia comprar. Não conseguia ver os produtos. Muitos medicamentos para serem vistos de um pequeno balcão...! Desisti...
E isto porque sou farmacêutica!
Tolhida, castrada...sem poder de compra, à mercê de gueutas e manipulações!!!Socorro!
Por isso aplaudo a Anvisa! Hipocrisia achar que manter os medicamentos dentro do balcão vai promover o uso racional de medicamentos.
Definitivamente não é fazendo os consumidores ficarem no balcão espremidos para tentarem escolher os produtos de sua preferência e preço que teremos segurança no uso de medicamentos!
Colegas farmacêuticos, saiam de trás dos balcões! Interajam com os consumidores no salão! Sejam acessíveis, abordem, perguntem, orientem, aproximem-se ... mostrem o que podem proporcionar aos pacientes ! Não vai existir lei que obrigue um farmacêutico a prestar assistência farmacêutica se ele não estiver lá, atuante. Querer é fazer.
Os pacientes agradecem e eu agradeço à Anvisa!
Michele
domingo, 22 de julho de 2012
Inovar é preciso
Inovar é preciso. Principalmente no setor farmacêutico.
No Brasil, cópias são feitas e muito pouco se inova. Há um abismo entre a universidade (que gera pesquisa) e a indústria (que possibilita que esta pesquisa alcance a população).
A Lei de Inovação tenta mudar este quadro desde 2004. Mas será que realmente algo mudou? Como as Universidades, através dos Núcleos de Inovação Tecnológica vêem as empresas farmacêuticas? Como as empresas vêem as universidades como parceiras estratégicas? Quais barreiras ainda existem e que ainda não possibilitam parcerias acontecerem? E por que há casos de sucesso nesta parceria? Este pode ser um caminho estratégico para a inovação de medicamentos no Brasil?
Leia minha dissertação e depois dê sua opinião.
domingo, 9 de maio de 2010
Câmara Técnica Indústria Farmacêutica
Participe das discussões na Câmara Técnica da Indústria Farmacêutica do CRF/RJ!!!!!
No próximo dia 07 de Junho levantaremos pontos críticos da RDC 17/2010 além de iniciarmos as discussões sobre a nova CP de registro de produtos biológicos.
Abraços,
Michele
No próximo dia 07 de Junho levantaremos pontos críticos da RDC 17/2010 além de iniciarmos as discussões sobre a nova CP de registro de produtos biológicos.
Abraços,
Michele
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