domingo, 20 de março de 2016

Apenas estudo clínico é inovação?

Michele de Medeiros Rocha

Apenas estudo clínico é inovação?


Muito me incomoda a propagação de que não ter estudos clínicos no Brasil é uma barreira à inovação no Brasil. Outra afirmação é que as universidades "só fazem pesquisa básica e não aplicada". Jargões tomados como verdades.
Primeiramente, ter estudos clínicos no País ajuda regulatória e estrategicamente uma substância inovadora ser incorporada/ importada ao Brasil mais rapidamente. Mas daí o Brasil estar avançando em inovação é algo completamente diferente. E estamos muito distantes disto. Basta ver quais empresas brasileiras fazem estudos clínicos de moléculas Made in Brasil. (Convido o leitor a me listar abaixo no campo de comentários).
A palavra inovação é usada indiscriminadamente por todos; se é um pouco diferente, é inovador. O Manual de Oslo abriu este precedente. Inovação em produto, serviço, processo, educação (...). 
Não desmerecendo os demais tipos mas, se houvesse uma escala de inovação, sem dúvida elegeria as inovações que culminassem em um produto ou serviço realmente inovador, com o real sentido da palavra. Algo que quebrasse um paradigma, mudasse um hábito, melhorasse a qualidade de vida em relação à uma condição anterior. Independente de ser incremental ou disruptiva ( não quero nem entrar neste mérito).
E quando vejo um relatório do Pintec dizendo que estamos inovando, me questiono: quem está míope? O questionário ou os respondentes? Comprar um equipamento novo (apenas) para sua empresa significa que está inovando? No máximo está comprando a inovação de outrem para, quiçá, fazer algo inovador... Se for capaz.
E somos. Mas até quando seremos um País de imitadores? Nos falta educação? Nos falta auto-estima? Creio que falta ambos.
Na parte da educação, como estão os avanços e atividades em prol da saúde? Concordo em gênero, número e grau que na maioria das vezes a quantidade de artigos é mais importante que qualidade e relevância para a sociedade (é o sistema, infelizmente); e talvez daí ter surgido o rótulo que não temos inovação porque só fazemos pesquisa básica. Mas justamente não evoluímos em inovação em saúde porque NÃO fazemos pesquisa básica.
Para desenvolver um medicamento, é importantíssimo entender a fisiologia da doença a nível celular. É preciso desenvolver modelos químicos que preencham estes gaps. É preciso desenvolver a melhor forma farmacêutica para atingir o alvo. É preciso saber como pesquisar esta substância em organismos vivos. É preciso............ Como estamos nisso, Universidades? Estamos conversando entre pesquisadores, pesquisas e instituições para aumentar e unir forças em prol da sociedade ou estamos mergulhados no ego? Na pesquisa que fiz, há potencial para mudança. Que utilizemos o melhor lado do brasileiro (criativo, resiliente, perseverante) para sair da inércia, ousar mais e dar o primeiro passo para a mudança. 
Amém.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Qualidade em Medicamentos 
Por que algo tão básico ainda é um problema?

Compartilho aqui no meu blog este artigo que escrevi para a revista Progress in Mind.

O mundo era mais simples na antiguidade, quando plantas e substâncias de origem animal eram usados para fins curativos e quando os alquimistas viviam em busca do elixir da vida eterna. Em contrapartida, morria-se em torno dos 40 anos quando, atualmente, olhando somente o Brasil, a expectativa de vida é de 74 anos.
Um dos fatores atribuídos à maior longevidade é o avanço de opções terapêuticas que antes sequer existiam.
Mas o desenvolvimento de um novo medicamento é tão trabalhoso e custoso que não é a toa que o número de drogas inovadoras que chegam ao mercado mundial vem diminuindo. O número tem decrescido ao longo do tempo: de 1995 a 1999, uma média de 40 novas moléculas foram lançadas por ano. De 2000 até 2007, foram apenas 27. Considerando que a inovação em medicamentos é incipiente no Brasil, estes números traduzem uma realidade mundial onde, por exemplo, existem parcerias do setor produtivo com a universidade, algo ainda pouco explorado por aqui.
Munidos do conhecimento de uma doença, cientistas começam a procurar, após anos de pesquisa e testes, por uma droga que possa agir na doença estudada. A busca deste composto pode ser na natureza ou através da criação de uma molécula química completamente nova, utilizando sofisticados modelos computacionais para prever que tipo que estrutura molecular pode funcionar. Muitas vezes é utilizada uma técnica de tecnologia computacional chamada “triagem de alta capacidade”. Com ela, pesquisadores testam milhares de compostos contra um receptor-alvo para identificar algum que possa ser promissor o suficiente para seguir para estudos posteriores.
Estima-se que, após começarem com aproximadamente 5 – 10 mil compostos, cientistas podem chegar a apenas cinco moléculas candidatas a prosseguirem com estudos pré-clínicos e clínicos. Ainda assim, todas podem vir a falhar em alguma fase dos estudos. Não é raro que, após anos de pesquisa, uma molécula não chegue a completar os estudos clínicos fase 3, já na reta final.
Da mesma forma, equipes de desenvolvimento químico precisam garantir a síntese da molécula ativa vencedora, o fármaco. Outra equipe de pesquisa farmacotécnica precisa combinar os excipientes certos na melhor forma farmacêutica capaz de tornar o fármaco disponível na concentração certa na corrente sanguínea. E será esta formulação a ser utilizada nos estudos clínicos e, posteriormente, na produção em larga escala.
Este é o dia-a-dia de empresas que fazem pesquisa e desenvolvimento de medicamentos. O resumo foi breve, mas fornece uma pequena ideia do universo de detalhes envolvidos quando um medicamento novo chega ao mercado, principalmente no que tange ao processo produtivo e na qualidade das matérias-primas.
Estes fatores são tão importantes que qualquer inconformidade na produção ou mesmo na qualidade do princípio ativo ou dos excipientes pode afetar a biodisponibilidade da droga. E são estes pontos que vamos ver a seguir com maior detalhe.
Quando falamos em conformidade durante a produção, é imprescindível falar sobre Boas Práticas de Fabricação (BPF).
O conceito de BPF surgiu decorrente de graves problemas com medicamentos no  mercado.  Em 1937, houve 107 mortes por intoxicação em massa com um elixir de Sulfanilamida nos Estados Unidos. A Glicerina que estava em falta no mercado foi substituída pelo Etilenoglicol sem que tenham sido realizados  os testes de segurança e toxicidade necessários.
Em 1967 houve a intoxicação de crianças que sofriam de epilepsia e utilizavam cápsulas de 100 mg de Fenantoína em um hospital na Austrália. O fabricante havia substituído o diluente Sulfato de Cálcio por Lactose também devido a falta no mercado. Autópsias das vítimas revelaram que os níveis sangüíneos do fármaco haviam subido para mais de 45 mcg por mililitro na formulação modificada.
Em 1958, um hospital pediátrico nos EUA identificou o aumento de mamas e outras mudanças relacionadas com hormônios em crianças entre 5 e 10 anos tratadas com um produto vitamínico. A investigação demonstrou que as cápsulas estavam contaminadas com estrógeno devido a limpeza deficiente do equipamento usado na fabricação (produtos estrogênicos e vitamínicos fabricados alternados no mesmo equipamento).
Assim, em 1963 os EUA foram os primeiros a publicar uma norma que estabelecia requisitos especiais  para a fabricação de medicamentos.
Em 1975 a Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou o seu guia, que foi adotado como referência legal pelos países do MERCOSUL.
Até 1995, Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai deveriam ter adotado a última versão preparada pelo 32º Comitê de Peritos, aceita pela Assembléia Mundial da OMS.
Mas apenas com a criação da Anvisa em 1999 impulsionou-se a publicação sobre BPF no Brasil através da RDC 134 em 2001, revogada pela RDC 210 em 2003 até ser substituída pela atual RDC 17, vigente desde 2010. As empresas que não cumprirem as normas de Boas Práticas presentes nas diretrizes da RDC, além de perderem seu certificado em BPF, podem sofrer penalidades legais (multas), suspensão temporária de suas atividades, retirada de produtos da Autorização de funcionamento, ou até mesmo interdição de suas atividades. Entretanto, dependendo da natureza do problema, as perdas em saúde podem ser imensuráveis.
Infelizmente não é raro vermos em noticiários que estes problemas ainda persistem nos dias de hoje.
Logo, “as BPF de medicamentos é a parte da garantia da qualidade que assegura que os produtos sejam fabricados em conformidade e controlados em relação aos padrões de qualidade solicitados pelo registro sanitário do produto”.
Da mesma forma, os princípios ativos e excipientes usados na formulação podem influenciar, e muito, na qualidade dos medicamentos.
Diversos fatores relacionados a matérias primas podem afetar a qualidade final de um medicamento. No presente momento daremos ênfase ao polimorfismo. Atualmente, o polimorfismo em fármacos é, sem dúvida, uma das linhas de pesquisa mais contempladas da área de ciências farmacêuticas, devido à relevância não apenas econômica, mas, principalmente, farmacológica e toxicológica.
Empresas que precisam adotar um preço mais baixo para seus produtos, seja por políticas públicas, seja por políticas de preço específicas à categoria do medicamento a qual pertence, seja para manterem-se competitivas no mercado, precisam estar atentas na procedência das matérias-primas (fármaco/substância ativa e excipientes) que adquirem no dia-a-dia.
Devemos nos atentar que estamos falando de substâncias químicas que são sintetizadas, ou seja, produzidas quimicamente. Diferentes rotas de síntese podem levar a um mesmo composto. Entretanto, durante esta produção, além da substância-alvo há, no meio reacional, “sobras” dos componentes de partida, além de outros subprodutos de reação. Remover a substância de interesse com elevado grau de pureza exige, portanto, processos de purificação que são diretamente proporcionais ao custo.
Geralmente o processo de purificação mais utilizado é um processo chamado cristalização. O problema é que muitos compostos orgânicos são capazes de adotar uma ou mais formas cristalinas, dependendo das condições (temperatura, solvente, tempo) sob as quais a cristalização é induzida.
Logo, a propriedade pela qual uma única substância pode existir em mais de uma forma ou estrutura cristalina é chamada de polimorfismo. Vale ressaltar que o polimorfismo pode ter um impacto direto sobre diversas características do fármaco, excipientes e, consequentemente do medicamento, podendo ser observados resultados inesperados, os quais podem comprometer a eficácia do medicamento.
Dois polimorfos de um mesmo composto podem ser tão diferentes em estrutura cristalina e propriedades quanto dois compostos distintos. O exemplo mais clássico e extremo que conhecemos de poliformismo é o do grafite e do diamante: estes dois minerais são compostos de C (carbono elementar) mas, em virtude da organização cristalina de cada um, apresentam propriedades químicas e físicas totalmente diferentes.
Estruturas polimórficas de um fármaco normalmente apresentam diferenças significativas de processabilidade, solubilidade, estabilidade física e química. Estas diferenças físico-químicas podem modificar o comportamento da molécula quando em um meio biológico, alterando sua biodisponibilidade e, consequentemente, sua eficácia. Os excipientes também podem apresentar transformações polimórficas, sendo um fator não menos preocupante para a indústria farmacêutica.
Tendo em vista a importância do fenômeno do polimorfismo para a qualidade dos medicamentos, os órgãos reguladores têm acelerado a adoção de novas normas sobre o tema no setor farmacêutico, de modo a minimizar os riscos à população, exigindo, para o registro de medicamentos, estudos que comprovem o monitoramento e o controle de qualidade das formas cristalinas existentes.
O guia mais completo atualmente disponível foi publicado pela agência regulatória americana,  FDA (U.S. Food and Drugs Administration), em julho de 2007. Nesse guia, a FDA aborda os principais aspectos do fenômeno sobre a qualidade dos medicamentos e destaca a responsabilidade da empresa no controle da forma cristalina caso a biodisponibilidade possa ser afetada.

A ANVISA também possui regulamentação em que o tema polimorfismo é abordado. Neste caso, é solicitado para o registro de medicamentos informações sobre os prováveis polimorfos. A questão é que estas informações também são solicitadas apenas durante o momento do registro e para a substância ativa. Até mesmo em uma alteração pós-registro, testes específicos somente são previstos para a substância ativa.
A preocupação com a qualidade dos medicamentos liberados para a população é tão real, que a Anvisa lançou, em 14 de Setembro de 2014, o Programa Nacional de Verificação da Qualidade de Medicamentos (Proveme) que visa analisar mensalmente amostras de medicamentos do mercado. Inicialmente o Proveme vai analisar amostras dos medicamentos do “Aqui Tem Farmácia Popular” e do “Farmácia Popular”.

Portanto, se após o registro a empresa modificar o fornecedor de matérias-primas no dia-a-dia sem realizar os testes prévios que são necessários, um produto pode vir a ser liberado por uma empresa com qualidade insatisfatória, o que muitas vezes é identificado por consumidores mais atentos através de reclamações, gerando publicações de recolhimentos no Diário Oficial da União e no próprio site da Anvisa.

Mecanismos de controle e punição posteriores poderiam ser evitados considerando que a prevenção pelas próprias empresas seria bem mais fácil. E se ainda vemos notícias de problemas de qualidade nos jornais, devemos concordar com Henry Ford (1963-1947) através de sua célebre frase que diz: “qualidade significa fazer certo quando ninguém está olhando”.

Referências
-     Pita, João Rui. História da Farmácia. Coimbra: Minerva, 1998.
-     Site IBGE. Disponível em www.ibge.gov.br. 
-    Commission E. Antitrust: preliminary report of sector inquiry into pharmaceuticals – frequently asked questions. MEMO/08/746, 28 November 2008, p.1-5. 2008
-     ROCHA, M. Michele et al. Innovation as a Critical Success Factor: an Exploratory Study about the Partnership among University with Pharmaceutical Industry in Brazil. Journal of technology management & innovation, v. 7, n. 3, p. 148-160, 2012
-      (PHRMA), P. R. A. M. O. A. Drug Discovery and Development: Understanding the R&D Process. Washington, DC. Fevereiro 2007
-     Escola Nacional de Saúde Pública. Histórico das Boas Práticas de Fabricação. Disponível: http://www.boaspraticasfarmaceuticas.com.br/.../Histórico%20BPF.aula%20módulo%20III.ENSP.ppt-. Acesso em: 20/05/2015.
-     Resolução Anvisa RDC Nº 17, de 16 de Abril de 2010. Dispõe sobre as Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos.
-     S. Vippagunta, H. G. Brittain, D. J. W. Grant, Crystalline solids, Advanced Drug Delivery Reviews, (48), 3-26, 2000.
-     W. A. Ritschel, G. L. Kearns, Handbook of basic pharmacokinetics: including clinical applications, 5 edição, Washington: American Pharmaceutical Association, 1999.
-     R. Hilfiker, Polymorphism: in the Pharmaceutical Industry, WILEY-VCH Verlag GmbH & Co, Weinheim, 433 p, 2006.
-     Raw AS. et al. Regulatory considerations of pharmaceutical solid polymorphism in Abbreviated New Drug Applications (ANDAs). Adv Drug Deliv Rev. 2004 Feb 23;56(3):397-414.
-     Resolução Anvisa RDC Nº 60, de 10 de Outubro de 2014. 
- Dispõe sobre os critérios para a concessão renovação do registro de medicamentos com princípios ativos sintéticos e semissintéticos, classificados como novos, genéricos e similares, e dá outras providências.
-     Resolução Anvisa RDC 48, de 6 de outubro de 2009. Dispõe sobre realização de alteração, inclusão, suspensão, reativação, e cancelamento pós-registro de medicamentos e dá outras providências.


domingo, 16 de agosto de 2015

Avançando...devagar e sempre...

Há quanto tempo não posto! Mas prometo voltar a fazê-lo com frequência.
E não é que recentes notícias vem ao encontro de postagens passadas?

A logística reversa ainda é uma discussão, mas a ABNT ruma em frente com isso...testes em animais têm grandes avanços...finalmente! Aliás, a novidade é que justamente alguns testes em animais não serão mais necessários!

Vejam abaixo notícias que estão sendo vinculadas no mundo farmacêutico:

ABNT FINALIZA NORMA PARA LOGÍSTICA REVERSA DE MEDICAMENTOS

A Comissão de Estudo Especial de Resíduos de Serviços de Saúde da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT/CEE–129) finalizou, na última quinta-feira, dia 30, o texto do projeto de norma de Logística Reversa de Medicamentos Descartados pelo Consumidor, que já está em Consulta Pública pelo prazo de 60 dias. A Interfarma e outros representantes do setor farmacêutico têm participado das discussões promovidas pela ABNT que realizou reuniões em que todos os envolvidos pudessem, em nível nacional, discutir e estabelecer, por consenso, regras, diretrizes ou características para suas atividades.


RDC 35 DE 07 DE AGOSTO DE 2015 DISPÕE SOBRE ACEITAÇÃO DE MÉTODOS ALTERNATIVOS RECONHECIDOS PELO CONCEA 

·           Esta Resolução dispõe sobre a aceitação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa dos métodos alternativos de experimentação animal reconhecidos no Brasil pelo Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal - Concea, que objetivam a substituição, a redução ou o refinamento do uso de animais em atividades de pesquisa, nos termos da Lei Nº 11.794, de 8 de outubro de 2008, e sua regulamentação.
·    Nas petições submetidas à análise pela Anvisa são aceitos os métodos alternativos ao uso de animais em atividades de pesquisa reconhecidos pelo Concea, nos termos da Resolução Normativa Nº 17, de 03 de julho de 2014.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Qual será o ônus da logística reversa na destruição de medicamentos?


"Brasileiros descartam 10,3 toneladas de remédios por ano"


Quando vemos notícias como esta sentimos dor no coração. Tem os que pensam que estes medicamentos poderiam ter sido usados por outras pessoas e outras que pensam no meio ambiente. O primeiro caso nos lembra a tradicional prática do brasileiro de medicar outrem com o que deu certo para ele algum dia na vida (bendita a legislação que passou a controlar antibióticos!); o segundo caso é o que vamos tratar...o cuidado com o meio ambiente. Que este é um problema, é fato. Só é preocupante este papo de logística reversa...quem vai pagar esta destruição? Ou quem vai separar resíduos/laboratório para que a logística seja realmente reversa?
Você sabe que pilha não deve ser jogada no lixo...você tem o cuidado de descartar corretamente cada pilha que usa?


A questão é...muitas vezes as teorias acadêmicas chocam com a prática ou vai ser mais uma lei que não vai pegar. Que algo precisa ser feito não há dúvida, mas educar/catequizar o povo (seja por punição ou premiação) ou até mesmo evitar a possibilidade de desperdício (fracionamento?) devem ser medidas igualmente coadjuvantes neste processo porque a responsabilidade tem que ser compartilhada... o bônus e o ônus também...


Vamos ler a reportagem na íntegra...

Levantamento elaborado pela Unicamp, com apoio da ABDI e Anvisa, vai subsidiar implementação de sistema nacional de descarte de medicamentos


Estimativas mostram que a população brasileira gera atualmente cerca de 10,3 mil toneladas por ano de resíduos em medicamentos por ano sem um sistema de descarte adequado. Os dados são da publicação “Logística Reversa de Medicamentos”, lançada pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e elaborado por especialistas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

O levantamento foi apresentado durante o “Seminário de Boas Práticas Regulatórias”, que tem como objetivo estimular o debate sobre regulação de um sistema de descarte no setor. A diretora da ABDI, Maria Luisa Campos Machado Leal, diz que o estudo e a discussão de boas práticas regulatórias contribuem para o desenvolvimento industrial, uma vez que auxiliam na formulação de uma regulação sobre resíduos sólidos.

Essas boas práticas, diz Maria Luisa, estimulam as empresas a investirem em inovação, pois a destinação correta e a reciclagem fazem com que haja “um novo conceito na concepção de novos produtos.” Ela acredita que este processo de regulamentação precisa ser feito de forma democrática, ouvindo consumidores e a indústria.

O levantamento “Logística Reversa de Medicamentos” traz um panorama do setor em relação à geração de resíduos, além de experiências internacionais da política de coleta de medicamentos, avaliação do sistema de tratamento de resíduos e possibilidades de destinação correta no Brasil, e aponta os benefícios de um descarte adequado. O estudo mostra ainda estimativas de crescimento da geração de resíduos até 2017, tomando como base dados referentes ao ano de 2010.

Professor da Unicamp e responsável pela elaboração do estudo, Célio Hiratuca observa que hoje grande parte dos medicamentos vai para o lixo comum ou rede de esgoto (quando descartado no vaso sanitário) após o uso. Ele explica que, na medida em que o uso de medicamentos aumenta, também cresce esse descarte inadequado, o que leva possivelmente a uma maior contaminação do lençol freático, de rios e outras consequências negativas.

O estudo propõe uma modelagem de logística reversa para medicamentos. O Ministério do Meio Ambiente, por meio da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano lançou um edital de chamamento, no dia 10 de outubro, para a apresentação de proposta de Acordo Setorial visando à implementação de um sistema de descarte de resíduos de medicamentos, que deverá contar com prazo e meta de recolhimento. Os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de medicamentos deverão apresentar uma proposta de Acordo Setorial ao Ministério do Meio Ambiente em até 120 dias, contados a partir da data da publicação. Segundo o professor da Unicamp, o ideal seria retornar o medicamento para a farmácia que conduziria o produto para o descarte adequado.

Fonte Saude Web 

terça-feira, 4 de setembro de 2012

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A Consulta é Pública, mas não é Pública a Consulta

O sistema de Consultas Públicas (CPs) é talvez mais antigo que o conceito de democracia que conhecemos hoje. Na verdade, hoje as CPs são utilizadas como ferramentas formais para que a sociedade possa opinar neste nosso País (que chamam de democrático).

Bonito de falar, bonito na teoria, mas o que vemos muitas vezes são arbitrariedades que beiram ao autoritarismo e abuso de poder. Pois somente desta forma conseguirei entender o porquê textos prevalecem e viram  resoluções quando, na verdade, sabe-se que todo um setor  tem uma opinião divergente.

Hipocrisia e pseudo-democracia, demagogia...Consultas Públicas para "inglês ver" ...porque o resultado da consulta ninguém vê...

Vamos perseverar, colegas farmacêuticos! Porque brasileiro nunca desiste, não é o que dizem??

quinta-feira, 2 de agosto de 2012


Anvisa recua e permite venda de remédios em gôndolas 

E qual o problema nisso??

Há dias a Anvisa decidiu que não manterá mais os medicamentos de venda livre dentro do balcão. As críticas estão pesadas, Dirceu Barbando terá que se explicar no Senado, é quase um fim do mundo...
Bem...vamos lá! Ano passado estava em uma farmácia em Maceió procurando algo para a garganta, que estava "arranhando". Achei muito interessante a farmácia: tinha uma salinha para atenção farmacêutica, e os medicamentos estavam realmente dentro do balcão. "Que legal", pensei. Mas despensei rápido. Porque me senti uma impotente para dizer o que eu queria! Nunca lembro dos nomes comerciais, reconheço meus produtos preferidos pelo visual. Gosto de tocar e ler o rótulo, saber a procedência, o laboratório, a composição...tive que me contentar, muito a contragosto, com o que o balconista achou que eu precisava e devia comprar. Não conseguia ver os produtos. Muitos medicamentos para serem vistos de um pequeno balcão...! Desisti...
E isto porque sou farmacêutica! 

Tolhida, castrada...sem poder de compra, à mercê de gueutas e manipulações!!!Socorro!
Por isso aplaudo a Anvisa! Hipocrisia achar que manter os medicamentos dentro do balcão vai promover o uso racional de medicamentos. 
Definitivamente não é fazendo os consumidores ficarem no balcão espremidos para tentarem escolher os produtos de sua preferência e preço que teremos segurança no uso de medicamentos!

Colegas farmacêuticos, saiam de trás dos balcões! Interajam com os consumidores no salão! Sejam acessíveis, abordem, perguntem, orientem, aproximem-se ... mostrem o que podem proporcionar aos pacientes ! Não vai existir lei que obrigue um farmacêutico a prestar assistência farmacêutica se ele não estiver lá, atuante. Querer é fazer. 

Os pacientes agradecem e eu agradeço à Anvisa!

Michele 

domingo, 22 de julho de 2012

Inovar é preciso



Inovar é preciso. Principalmente no setor farmacêutico.
No Brasil, cópias são feitas e muito pouco se inova. Há um abismo entre a universidade (que gera pesquisa) e a indústria (que possibilita que esta pesquisa alcance a população).
A Lei de Inovação tenta mudar este quadro desde 2004. Mas será que realmente algo mudou? Como as Universidades, através dos Núcleos de Inovação Tecnológica vêem as empresas farmacêuticas? Como as empresas vêem as universidades como parceiras estratégicas?  Quais barreiras ainda existem e que ainda não possibilitam parcerias acontecerem? E por que há casos de sucesso nesta parceria? Este pode ser um caminho estratégico para a inovação de medicamentos no Brasil?
Leia minha dissertação e depois dê sua opinião.

domingo, 9 de maio de 2010

Câmara Técnica Indústria Farmacêutica

Participe das discussões na Câmara Técnica da Indústria Farmacêutica do CRF/RJ!!!!!

No próximo dia 07 de Junho levantaremos pontos críticos da RDC 17/2010 além de iniciarmos as discussões sobre a nova CP de registro de produtos biológicos.

Abraços,

Michele